segunda-feira, 12 de abril de 2010

Texto: "Currículo escolar e cidadania"

Trabalho postado como recurso avaliativo da disciplina “Teoria do Currículo” pelas discentes do Curso de Pedagogia do 3º Período:
Ana Letícia Guedes
Crislaine Silveira
Eloneida Oliveira
Lilian Esteves

Currículo escolar e cidadania

Marianela Costa Figueiredo Ferreira C. Rodrigues
29 de Agosto de 2006


A sociedade em crise busca, hoje, nos espaços educativos, a possibilidade de formação de indivíduos com uma nova mentalidade, que enxerguem novas pistas que conduzam à superação dos dilemas sociais e à construção de uma nova forma de gerenciar os recursos naturais e históricos da humanidade; uma forma mais adequada socialmente, menos predatória, e mais solidária nas relações entre os indivíduos e com o planeta.
Nessa perspectiva, o currículo escolar busca as suas fontes de inspiração no saber e nas necessidades do contexto social. É função da escola, hoje, entre outras, apresentar ao aluno, com os instrumentos de cada disciplina, as possibilidades de leitura das dimensões do todo, integrando-as interdisciplinarmente, para uma visão de complexidade da realidade. A necessária superação da visão fragmentada de conhecimento pode viabilizar-se no currículo, integrando as disciplinas para a compreensão da realidade em suas dimensões. O sistema, o todo, é mais do que a soma das partes, pois emergem características não contidas nas partes isoladamente; a visão sistêmica passa a ser o "que rejunta o todo e impulsiona a razão aberta, pois conhecer é sempre rejuntar uma informação a seu contexto e ao conjunto ao qual pertence" MORIN (1989, p. 33)
Ética e cidadania, trabalho e consumo, desigualdades sociais, educação sexual, educação para a saúde, educação ambiental, informática, tecnologias são realidades do mundo atual, entre outras, que a escola deve trabalhar, de forma integrada e interdisciplinar, como ponto de partida para a compreensão da complexidade dos fenômenos sociais em suas contradições. O seu tratamento no currículo pode viabilizar um novo rosto aos conteúdos escolares, tendo em vista a formação para a cidadania.
No exercício da função social da escola, cabe a construção de um projeto político-pedagógico, expresso no desenvolvimento de um currículo que ajude a compreender a complexidade dos fenômenos da realidade, articulando-os ao todo social de que faz parte. A trajetória de transformação da escola historicamente conservadora e racional para uma escola reflexiva e emancipadora (ALARCÃO, 2001) é um processo de mudança continuado, em construção, em conflito permanente com a ordem vigente. Exige esforço contínuo, racional, ético, coletivo e solidário; uma demonstração de que a prática pedagógica é, também, um campo aberto à formação e (re)construção da cidadania.
No desenvolvimento do currículo, formar alunos reflexivos implica em uma prática docente reflexiva, de que as instituições escolares são também responsáveis, pois a construção do projeto político-pedagógico das escolas exige uma permanente avaliação e formação.
Outro fator intervém a despeito das novas tecnologias, da modernização dos currículos, da renovação das idéias pedagógicas, o trabalho dos professores evolui lentamente porque depende pouco do progresso técnico, porque a relação educativa obedece a uma trama bastante estável e porque as condições de trabalho e sua cultura profissional instalam os professores em rotinas. É por isso que a evolução dos problemas e dos contextos sociais não se traduz 'ipso facto' por uma evolução de práticas pedagógicas. PERRENOUD (1999, p. 12)
Um professor reflexivo trabalha com e sobre o pensar da e na prática pedagógica, em processo continuamente repensado e reconstruído. Ao profissional de educação, é necessário dar-se tempo e oportunidade de familiarização com os eixos de uma renovação curricular e com as novas tecnologias educativas; possibilitar-lhe condições de reflexão sobre o tipo de educação e de currículo a ser desenvolvido, em função universo social de alunos e professores. Sempre que pensamos criticamente nossa ação educativa, entramos também no domínio da ética, além do domínio das dimensões da ciência, da técnica e da política. Questionamentos poderão ser levantados: "por que trabalhamos a nossa prática pedagógica desta ou daquela maneira?", "Por que trabalhar novos eixos paradigmáticos?", "Em que medida esses eixos instigam a uma prática pedagógica inclusiva?", "Por que trabalhar a complexidade de fenômenos sociais no desenvolvimento do currículo?". Essa reflexão no coletivo da escola pode fazer a diferença em relação a possibilidades de educar para um novo modo de pensar, de construir e de acessar conhecimento numa sociedade tecnológica.
Conquistas inegáveis na trajetória humana, em que a tecnologia esteve presente, contribuíram para o processo de globalização: desde a época das estradas terrestres que, no império romano, facilitaram as trocas comerciais, das estradas marítimas que modificaram o conceito de mundo de então, ao final da Idade Média, passando pelas estradas do ar que encurtam distâncias e tempo, até as estradas da informação que, hoje, se intercruzam planetariamente, de forma virtual. Importa, nesse contexto, que o gestor de processos educativos, em cada âmbito escolar, oportunize o preenchimento do vazio existente nas fronteiras disciplinares, com a problematização das condições de desigualdade de vida e de acesso ao conhecimento. Contingentes populacionais espalhados pelo planeta Terra, em que o Brasil se inclui, não usufruem do conhecimento, nem compartilham de direitos iguais no acesso a bens materiais e espirituais. Trata-se, pois, de uma questão de natureza ética e sociológica, não apenas epistemológica ou tecnológica. Trata-se, sim, para os homens e para as mulheres, de uma questão de formação para a cidadania, numa busca da sua própria humanidade.

REFERÊNCIAS

ALARCÃO, Isabel. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.

MORIN, Edgar. Problemas de uma epistemologia complexa. In O Problema Epistemológico da Complexidade. Portugal: Publicações Europa-América. 1989.

PERRENOUD, Philippe. Formar professores em contextos sociais de mudança - prática reflexiva e participação crítica. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro 1999.

Fonte de Pesquisa: www.gestaouniversitaria.com.br

14 comentários:

  1. ÓTIMO TEXTO, SEM DÚVIDAS ELE ABRANGE DE FORMA CLARA O OBJETIVO DE UM CURRÍCULO VOLTADO PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE QUE PERMITE AO EDUCANDO UMA FORMA DE PENSAR MAIS CRITICA E REFLEXIVA, NA QUAL INFLUÊNCIA POSITIVAMENTE NA TRANSFORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE CAPITALISTA PARA UMA DEMOCRÁTICA.

    LARISSA

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  2. Ana Letícia, Crislaine, Eloneida, Lilian

    Parabéns pela escolha do texto que nos faz refletir sobre o currículo na ótica de uma escola reflexiva superando a visão fragmentada do conhecimento.
    Mas que escola é essa a que o texto se refere? Em que se baseia o conceito de professor reflexivo? Alunos reflexivos ? Escola reflexiva?
    Edgar Morin e Isabel Alarcão e Philippe Perrenoud são autores importantes para o nosso crescimento profissional. Em nossas aulas vamos resgatar alguns importantes conceitos discutidos por esses teóricos que certamente ressignificarão nossos conceitos e as possibilidades de uma renovação curricular e das práticas pedagógicas.
    Eliane Sacramento

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  3. Este texto nos mostra a importância do currículo na escola e como ele influencia na sociedade e na formação de um cidadão consciente de seus deveres e na transformação da sociedade.

    LENEIDE

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  4. Este texto nos mostra a forma de conduzir alunos a ter uma nova mentalidade, uma nova visão da sociedade através de projetos elaborados dentro da sala de aula.Também cabe ao professor integrar de forma igualitária seus alunos para que eles tenham uma educação de qualidade , onde eles se desenvolvam através de uma nova visão do currículo e se tornem um cidadão democrático.

    Kátia Carvalho

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  5. Nós achamos um ótimo texto,importante para nosso conhecimento,bem objetivo e que nos mostra como o currículo é necessário no contexto escolar para as práticas pedagógicas.


    Paula e Naiara

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  6. O texto nos permite pensar na renovação curricular, como uma relação entre educação e sociedade, e que a responsabilidade dos educadores é a de transformar cada aluno em cidadão reflexivo para que cada um compreenda seus direitos e deveres para a efetivação de uma nação melhor para se viver, possibilitando assim educar para um novo modo de pensar seu contexto social. LÚCIA

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  7. Nessa perspectiva, os atuais programas de formação de professores concebem um novo perfil do professor como profissional reflexivo. O professor prático reflexivo nunca se satisfaz com sua prática, jamais a julga perfeita, concluída, sem possibilidade de aprimoramento. Está sempre em contato com outros profissionais, lê, observa, analisa para atender sempre melhor ao aluno, sujeito e objeto de sua ação docente. NILMA

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  8. O texto é bem interessante, pois nós mostra como devemos agir com o currículo, vendo que todas as matérias dadas na escola podem interagir-se e as matérias como elas citam no texto como educação sexual é bem atual visando a nova sociedade que está se formando.E com isso o texto nós faz ver claramente como a escola esta se transformando em um local onde vão se formar alunos críticos e reflexivos.Vemos neste texto também a força de vontade do professor para transformar seu aluno em um cidadão pronto para a nova sociedade.Jéssica.

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  9. Forma um aluno é mais do que depositar conhecimentos. Para formação de cidadãos críticos é preciso que esses conhecimentos estejam vivos, presente na prática educativa, sendo essa a responsabilidade do professor, necessitando de constante busca de conhecimento e atualização, aproximando os contextos à realidade vivida. PAULA

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  10. Um excelente texto, que nos faz refletir sobre a forma do curriculo e como agir utilizando-o numamaior interação com os alunos no diaa dia da escola. Parabenizo o grupo pela escolha deste texto de fácil interpretação. E que realmente os professores venham a agir sempre de modo prático e reflexivo, pois desta forma estará em constante mudança e aprioramento, produzindo desta forma alunoscriticos e reflexivos, podendo fazer grande transformações não só no meio do ensino quanto também na sociedade.

    Cláudio Mendes

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  11. O texto mostra que uma sociedade em crise, busca na educação uma possibilidade de mudança. Através dessa situação, as escolas tenham um projeto político-pedagógico capaz de formar alunos críticos através do desenvolvimento currícular e através da capacidade profissional do docente. Isso com certeza foi muito bom para avaliarmos se também somos alunos reflexíveis.
    Renata Alexandre

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  12. PARABENS OTIMO TEXTO NOS TRAZ A CERTEZA DE QUE HAVARA UMA MUDANÇA NA EDUCAÇAO COM A FORMAÇAO DE ALUNOS CRITICOS E CAPAZES

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  13. comentando o texto inserido no blog,pela turma da Ana Leticia,achei por demais interessante essa postagem, que apresenta em sua estrutura mecanismos didáticos possíveis que permite ao professor reavaliar seus métodos de mediação ensino,ficando importante seu papel na estruturação educacional do aluno. Encontra-se notorio no texto apresentado pelas meninas,a fala de Isabel Alarcão que defende a passagem do trageto de transformação da escola, historicamente conservadora e racional para uma escola reflexiva e emancipadora, dentro de um processo de mudança continuada, e em construção com conflitos permanentes com a ordem vigente.(ALARCÂO,Isabela).

    Aloiosio Gomes.

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  14. Parabéns !!! Este texto vem fortalecer aquilo que acredito que as relações sociais, as trocas de experiências, o cotidiano, formam um conjunto de fatores que garantem a formação de um currículo escolar que busca integrar a vida escolar à vida social.

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